Desconcentrado - Parte VI
- Bacchus Creators
- 12 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

O coração de Carlos bateu mais rápido quando releu sua mensagem. Ele nunca tinha sido tão direto, nunca tinha se exposto dessa forma. As palavras estavam lá, capturando seu desejo sem hesitação, mas agora vinha a outra parte - a espera de uma resposta. Seu dedo pairava sobre a tela, e uma pequena parte dele desejava poder apagar a mensagem e se esconder. Mas a mensagem já havia sido enviada, e tudo o que ele podia fazer agora era esperar. Sua ansiedade o irritava, mas algo naquilo refletia o quanto essa situação era importante pra ele.
Minutos se transformaram em horas, cada uma marcada pela crescente sensação de vulnerabilidade. Ele checou o telefone mais vezes do que conseguia contar, enquanto sua mente imaginava diferentes cenários. Finalmente, depois de quase duas horas, o celular vibrou. Ele o pegou, prendendo a respiração, e abriu a mensagem de Kike.
“Oi Carlos. Foi muito divertido receber você aqui em casa.”
Carlos sentiu uma mistura de alívio e empolgação ao ler aquele pedaço de mensagem. Mas então, outra frase surgiu em seguida:
“Minha namorada pediu seu número. Posso passar pra ela?”
Carlos piscou, relendo a frase. Seu coração disparou, e ele hesitou, sem entender o que isso significava. Por que ela queria seu número? Será que ela queria dizer pra ele ficar longe de Kike? Ele se lembrou do encontro deles, do olhar penetrante dela ao cumprimentá-lo, dos seus sorrisos para ele na academia. Talvez isso fizesse parte da dinâmica deles, mas não sabia como agir.. Depois de um momento, a única resposta possivel brotou de suas mãos, e ele respondeu:
“Claro, pode passar.”
Ele sentiu vontade de tomar um drink forte naquele momento.Sentiu a boca secar.
Quatro minutos se passaram até que um número estranho o notificasse no telefone. Carlos abriu a mensagem e percebeu que suas mãos suavam. Sentiu o pulso acelerar novamente, e depois de abrir a mensagem, sentiu que poderia desmaiar.
Não havia texto algum, ela apenas havia enviado uma foto de um corpo nu. Ele reconheceu imediatamente que era uma foto dela, e de todas as coisas que podia imaginar receber dela, aquilo estava para além de sua imaginação. Ele notou que ela tinha de fato um corpo lindo, definido e cheio de curvas sensuais. A ousadia daquilo o pegou desprevenido, mas ele não conseguia negar a adrenalina que sentia pulsando em suas veias.
Foi ali que ele se deu conta que pouco sabia sobre ela. Nunca, antes daquele encontro, tinha parado para pensar quem era ela, se ela gostava de ser vista, de ser desejada por outros homens. Mal podia se lembrar do nome dela. Seu desejo por Kike era tão maior do que sua curiosidade por ela. Desejou sim, tomar o lugar dele em sua mente, mas aquilo era diferente. Era um sinal de interesse, e ele teria que ser honesto com ela. Como ia salvar o número dela sem ao menos lembrar de seu nome?
Aquela era a menor de suas preocupações. Precisava responder algo, e tinha que ser rápido. Não queria ofendê-la pois, de alguma forma, ela era parte da oportunidade que tinha de se aproximar de Kike. Mas não tinha intenção alguma de responder a qualquer avanço sensual da parte dela. Precisava pensar em uma resposta, e precisava pensar rápido.
Escreveu apressadamente “você é linda”, mas hesitou na hora de enviar. Releu a mensagem, apagou, e reescreveu “ você é gostosa”. Parecia uma resposta mais apropriada. Mas como deixaria suas intenções claras para ela?. Ensaiou em sua cabeça várias frases diferentes, mas tudo parecia a coisa errada a dizer. Achou melhor parar por ali mesmo e enviar a mensagem.
No mesmo momento a mensagem foi lida, e viu que ela começou a digitar uma resposta. Fechou o olho, respirou fundo e aguardou longos instantes enquanto ela escrevia.
“Manda uma foto sua, pq aqui em casa eu só te vi com roupa”.
Essa resposta o pegou de surpresa. Ela queria vê-lo sem roupa? Por qual motivo?
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